sábado, 13 de março de 2010

Suicídio de aluno, suicídio de professor...

Com que terríveis notícias fomos confrontadas recentemente... O fim da vida de um aluno em Mirandela e fim da vida de um professor em Sintra...
É sempre triste saber que alguém não teve forças para ultrapassar as dificuldades porque estava a passar. Conheço duas pessoas, que me eram próximas, que o fizeram e custa-me muito lidar com estas situações...
Muito podemos pensar nestas alturas e, os verdadeiros motivos que levaram a estes desfechos, podemos nunca conseguir descobrir.
Estes suicidios, claro que podem não estar apenas associados a questões que se passavam na própria escola, este aluno e professor podiam não estar suficientemente bem com a vida por muitos aspectos. Mas quanto à escola, e eu, como professora, sei que muitas coisas não estão bem, que são muito complicadas no interior das escolas e, facilmente criam mal estar a muitos dos que aí passam muitas horas do seu dia a dia.
A escola reflecte a sociedade no seu todo e com a escolaridade obrigatória a escola acolhe todo e qualquer aluno, muitos dos quais extremamente rebeldes, sem qualquer educação, alunos muitas vezes entregues a si próprios, que os pais abandonaram e rejeitaram. A escola tenta ajudar, o Director de Turma, os professores tutores, todos os professores... mas muitos destes alunos não querem ajuda. Estão na escola, mais para passar o tempo do que preocupados com o seu futuro... Não querem ouvir, nem querem mudar. Acontece isto em muitos casos que fui conhecendo ao longo do meu percurso profissional. Os castigos existem, a atenção e repreensão também, mas as leis não estão do nosso lado. A lei é do facilitismo, do ensino sem esforço. Os alunos sabem que muito dificilmente ficam retidos no mesmo ano, porque a lei assim o diz... Neste contexto de falta de regras e de educação, que já vem de casa e de um grande facilitismo que é imposto pelas leis, o papel dos professores fica extremamente difícil.
Estamos atentos às situações de indisciplina, mas algumas podem escapar, como terá sido o caso do aluno de mirandela, e nem sempre podemos saber o que se passa no relacionamento entre todos os alunos.
Quanto ao professor entendo que se tenha saturado da indisciplina, como é dito. Gosto imenso da minha profissão, faço o que sempre desejei... mas às vezes também me canso e conheço muitos colegas que recorrem sistemáticamente a atestados médicos por este motivo ou vivem permanentemente tristes e cansados por tentarem ensinar quem não quer aprender ou não sabe comportar-se, mas sim criticar, ou mesmo insultar sistematicamente colegas e professores.

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